terça-feira, 3 de março de 2009

PANTANAL - Gente, tradição e história, de Augusto César Proença.

PROENÇA, Augusto César. Pantanal: gente, tradição e história. 3ª Ed. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 1997. 168p.

O pesquisador corumbaense Augusto César Proença nos traz um livro de nome inadequado. Não se trata de um ensaio amplo sobe o pantanal mato-grossense. Melhor seria chamá-lo uma história afetiva de uma parte do Pantanal, e da família que o ocupou, a família do autor.

O livro se divide em duas partes. A primeira, até a pg. 59, é uma rápida história Standand de Mato Grosso. A segunda parte é melhor.

O Pantanal não é uno. Divide-se em nomes quase humorísticos, como o pantanal de Barão de Melgaço, ou o de Nagileque. Noutros países as pessoas são imortalizadas por seus sobrenomes. Já o seu Nheco nunca imaginou que seu nome seria esquecido, mas seu apelido entraria para a geografia: pantanal da Nhecolândia.

Região maior que Sergipe. Seu Nheco foi o dono dela, inteirinho, de 1880 a 1909. Mas não se o pense como um coronel clássico e aí vem o interesse do livro. A história da Nhecolândia começou com a chegada de um certo português Leonardo Soares de Souza em 1769. Fracassou nos negócios e pediu terra. Terra era muita, não valia nada. Por muito tempo ninguém imaginaria em colocar hotéis ecológicos num lugar que ninguém chamava então de paraíso da natureza. Era só terra de tuiuiús, jacarés e outros bichos que não serviam para nada, boa apenas para criar gado extensivo. E o preço da carne rastejava, quase zero. Seu genro João Pereira Leite fundou a Fazenda Jacobina, quase auto-suficiente, visitada pelo estrangeiro Hercules Florence em 1827.

João Pereira Leite abrigou o Dr. Sabino, revoltoso derrotado da República Bahiense, e esta amizade com um inimigo do Imperador lhe tirou o Baronato.

João Pereira Leite só tinha uma filha. E essa fugiu com Joaquim José Gomes da Silva, um caixeiro-viajante filho de um padre. Mesmo casados, tiveram de morar longe. Conseguiram terras – as terras não valiam nada. O Imperador tornou Joaquim José Gomes da Silva o Barão de Vila Maria, atual cidade de Cáceres. Até que veio esse desastre conhecido como Guerra do Paraguai. Todo mundo afrouxou. Os comandantes de Corumbá e do Forte de Coimbra fugiram dos paraguaios. O mesmo fez o nosso Barão, que fugiu para o Rio.

Morreu e seu filho Joaquim Eugênio Gomes da Silva sem dinheiro subiu os rios em barcos movidos a um pau que bate no fundo do rio chamado zinga e alguns índios e a esposa atrás dos restos da fazenda do pai. Encontra e funda a Fazenda Firme. Chama uns parentes, dá terras. A carne de gado era tão barata que eles vendiam só o couro para os comerciantes estrangeiros em Corumbá, para comprarem tecidos e o pouco que não produziam. Era uma vida difícil, até pelos ataques das onças.

A pobreza espalhou uma família por um território maior que Sergipe e que ganhou não o nome de Joaquim Eugênio, mas seu apelido: seu Nheco.

Os grandes ausentes dos livros são os índios. Será que a Nhecolândia era realmente vazia de gente? Não havia um ser humano lá? Nesse, caso, qual a atitude da família do autor diante deles?

O livro resgata um tempo em que a terra só tinha valor de uso, não valor de troca. O mesmo para a carne. Assim alguém dono de terras do tamanho de um estado era bem menos rico que se pensaria. E O autor menciona a solidariedade entre todos, naquele tempo. Quando o preço da carne subiu, a solidariedade sumiu. Sic Transit.


De leitor para leitor

Livro: Pantanal: gente, tradição e história, de Augusto César Proença.
Assunto/Personagem Principal: parte do Pantanal Mato-grossense – a Nhecolândia.

PARA QUEM ESTE LIVRO INTERESSA MAIS:
Mato-grossenses e sul-mato-grossenses.
Muito interessados em história do Pantanal..
Historiadores marxistas procurando exemplos em que sua teoria se encaixa.
É livro para pessoas com interesse específico na região ou para fanáticos por história do Brasil (caso deste resenhista)
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O QUE VOCÊ PODE ESPERAR DESTE LIVRO:
Boas histórias da vida tradicional no Pantanal.

QUANTIDADE DE HORAS DE ENTRETENIMENTO: 4 hs
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PODE SER LIDO em ônibus/metrô ou em filas em pé. É livro para ler rápido.

O QUE ESTE LIVRO MAIS TRAZ PARA VOCÊ:
Informação sobre o Pantanal no século XIX.
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PÚBLICO PARA AS HISTÓRIAS QUE VOCÊ CONTARÁ:
público feminino (histórias de sexualidade e família): sobre os perigos que as crianças corriam no mato. Sobre a fuga de uma moça e um rapaz para casar escondido do pai.
público masculino (poder, política e economia): histórias sobre a economia da época, a chegada dos grandes comerciantes a Corumbá e a evolução familiar da região.


TRECHO


“Daí chegou a vez do Lopes, que retirou a camisa e, por detrás de uma forquilha que um pé de maminha de porco formava, abanou a camisa feito toureiro e desafiou a onça a partir em cima dele. A fera atacou, mas teve o azar de esbarrar na forquilha que protegia o vaqueiro. Armou o pulo. Ficou de pé e abraçou a forquilha e a camisa xadrez que o vaqueiro lhe abanava para dar tempo de, entre os dois paus da forquilha, bem no rumo do coração, enfiar a faca com toda a raiva daquele momento, para que a fera abraçasse e cravasse a lâmina no fundo do peito, soltando um só gemido e caindo de lado para estrebuchar e receber as mordidas dos cachorros, estatelada naquele chão manchado de sangue” (p112).

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O BRILHO DA SUPERNOVA, de Geraldo Mártires Coelho



COELHO, Geraldo Mártires Coelho. O Brilho da Supernova: a morte bela de Carlos Gomes. Rio de Janeiro: AGIR, 1995. 184p.


Carlos Gomes estreou sua ópera o Guarany no Scala de Milão no começo de 1870 e ganhou lugar entre os maiores da música européia. Mais apoteótica ainda foi a estréia no Rio, no mesmo ano, no dia do aniversário do Imperador (02/12) para o próprio e para uma elite ansiosa de ver o país se reafirmar depois da guerra contra o Paraguai. A partir daí começou sua mitificação. Morreu em Belém, em setembro de 1896, quatro meses depois de ter sido recebido nesta cidade com honras de um deus. Ou de um gênio.

O livro não é sobre a vida de Carlos Gomes mas sobre sua morte. Carlos Gomes já estivera em Belém em 1882 e 1883, em ambas recebido como mito. Mito é a palavra chave, assim como herói, ou gênio. A exaltação do gênio, da morte do gênio, é resultado do cruzamento de duas linhas de pensamento e interesse inicialmente díspares, o Romantismo e o Positivismo. Este último com sua mórbida exaltação dos mortos. Sintetizada em sua frase-slogan “Os vivos são cada vez mais e mais governados pelos mortos”, da qual o positivista e folgazão Barão de Itararé fez a adaptação “Os vivos são cada vez mais e mais governados pelos mais vivos”. O romantismo em sua exaltação da pátria, da natureza, e do gênio como força da natureza.

A exaltação aos mortos começou com a Revolução Francesa, que transformou uma igreja no Pantheon para celebrar seus mortos ilustres. E continuou depois da derrota de 1870 para a Prússia. Em pouco mais de 40 anos mais de centena e meia de bustos foi inaugurada na cidade. Era o culto ao herói. Que atingiu um paroxismo nas exéquias de Vítor Hugo em 1885, que duraram mais de dez dias.

Lauro Sodré contratou Carlos Gomes. Era o presidente do estado do Pará. Positivista, republicano. Já sabia que o maestro estava mal. Financeiramente e de saúde – tinha um câncer na língua. E foi o grande responsável pelas exéquias de herói que Carlos Gomes teve. Bem dentro do impulso de criar heróis para consolidar a República – apesar de Carlos Gomes ser monarquista impenitente.

Um livro sobre como se constroem os gênios.

De leitor para leitor

Livro: O BRILHO DA SUPERNOVA, de Geraldo Mártires Coelho.
Assunto/Personagem Principal: Carlos Gomes

PARA QUEM ESTE LIVRO INTERESSA MAIS:
Interessados em positivismo.
Interessados na ideologia cultural chamada Romantismo.
Interessados na história do Pará.
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O QUE VOCÊ PODE ESPERAR DESTE LIVRO:
Boa exposição das ideologias positivista e romântica.

QUANTIDADE DE HORAS DE ENTRETENIMENTO: 5 hs
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PODE SER LIDO em ônibus/metrô ou em filas em pé.

O QUE ESTE LIVRO MAIS TRAZ PARA VOCÊ:
Informação sobre o ambiente cultural da segunda metade do século XIX.
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PÚBLICO PARA AS HISTÓRIAS QUE VOCÊ CONTARÁ:
público feminino (histórias de sexualidade e família): alguns detalhes da vida de Carlos Gomes, seu sucesso popular.
público masculino (poder, política e economia): histórias sobre o Romantismo e o Positivismo (coisas para um público mais culto).


TRECHO

“É o caso do mito do gênio no tecido mental do romantismo, manifestando uma potência absoluta, para além das possibilidades da apreensão racional, e cuja demiurgia revela-se pelo ato da criação intuitiva, original e predestinada. Entidade armada do dom natural, “o gênio tornou-se, no Romantismo, o mediador entre o Eu e natureza exterior”. Indefinível, insubmisso, abrigando as potências mais submersas do espírito e revelando o que emerge do mais profundo do inconsciente, “o gênio é o Kraftsmensch, o homem habitado pela força da natureza, que faz dele um demiurgo apto a manifestar todas as suas possibilidades, o infinito da pulsação cósmica que traz consigo e que o anima.” p21.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

MÁRIO FAUSTINO, uma biografia, de Lília Silvestre Chaves.

CHAVES, Lília Silvestre. Mário Faustino: uma biografia. Belém: SECULT, 2004. 400p.

Mário Faustino foi cometa, para usar uma metáfora gasta que ele não utilizaria. Em trinta e dois anos veio, escreveu, traduziu, movimentou a poesia de um país do terceiro mundo e espatifou-se contra a cordilheira dos Andes num acidente aéreo no final de 1962. A profa. Lília Chaves escreveu biografia sensível. Registra suas impressões ante as fotografias do poeta, os olhos de impressão química a fitar os seus e os olhos do leitor, pois o livro é bem ilustrado. Os passos do poeta pouco antes do vôo para os Estados Unidos com escala em Lima são seguidos com um cuidado tornado denso pois todos sabem o que acontecerá.

Depois a biografia se torna cronológica. O nascimento em Teresina, na qual passou pouquíssimo tempo. Se Faustino pode ser reivindicado geograficamente, ele é paraense. Lá arranjou emprego de cronista de jornal aos dezoito anos, lá um professor o convenceu a ser poeta. E a primeira poesia já foi de nível, nada de pé quebrado. O amor pela língua inglesa recompensado por uma bolsa de um ano nos Estados Unidos. Esta estadia o ensinou a ler e estudar, como profissional. Depois o emprego público, na antiga Superintendência para a Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) sob a égide de seus amigos o historiador Arthur César Ferreira Reis e o filósofo Benedito Nunes. E a ida ao Rio, trabalhar na Escola Brasileira de Administração Pública e no jornalismo. Torna-se editor cultural do Jornal do Brasil.

O Brasil jusceliniano fervia e os concretistas lideravam a fervura no lado da poesia. Faustino conseguiu a proeza de ser um não-concretista respeitado pelos próprios, que depois de sua morte o consideraram o último-fazedor-de-versos. A biógrafa enfatiza a vida pessoal, a homossexualidade assumida, a paixão pelo aprendizado de línguas. Vários poemas são reproduzidos.

Curioso que quatro décadas se passaram antes que alguém se interessasse em contar essa vida. Um bom achado. Uma boa contribuição para mostrar um brasileiro competente no que fazia.

De leitor para leitor

Livro: MÁRIO FAUSTINO, uma biografia, de Lília Silvestre Chaves.
Assunto/Personagem Principal: o poeta Mário Faustino

PARA QUEM ESTE LIVRO INTERESSA MAIS:
Interessados em poesia brasileira.
Interessados na história cultural do Brasil dos anos 50
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O QUE VOCÊ PODE ESPERAR DESTE LIVRO:
Poesias do autor
Uma narração quase poética da vida de um poeta

QUANTIDADE DE HORAS DE ENTRETENIMENTO: 10 hs
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PODE SER LIDO na escrivaninha e na cama. Exige um pouco de atenção, sendo inadequado para ser em ônibus/metrô ou em filas em pé.

O QUE ESTE LIVRO MAIS TRAZ PARA VOCÊ:
Informação sobre o ambiente cultural dos anos 50.
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PÚBLICO PARA AS HISTÓRIAS QUE VOCÊ CONTARÁ:
público feminino (histórias de sexualidade e família): a relação de Faustino com a família e sobre sua homossexualidade.
público masculino (poder, política e economia): histórias sobre a poesia dos anos 50.
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TRECHO

“E à pergunta de um hipotético leitor – ´De que precisaria a poesia brasileira?´ - Mário Faustino respondeu prontamente:

´A poesia brasileira precisa de dinheiro. Precisa de uma estrutura econômica estável como alicerce. Precisa de que o Brasil seja rico e autoconfiante e independente em todos os sentidos. Precisa de universidades, enciclopédias, dicionários, editores, cultura humanística, museus, bibliotecas, público inteligente, críticos de verdade, agitação, coragem. Precisa de contar com uns poetas que leiam grego, com outros perseguidos pela polícia e com uns terceiros que leiam provençal e ameacem a sociedade. Isso sem contar com uns dois ou três cuja poesia fale à alma do povo´”. (p265)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Um Diplomata na Corte de Inglaterra, de Renato Mendonça


MENDONÇA, Renato. Um diplomata na Corte de Inglaterra: o Barão do Penedo e sua época. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2006. IV + 444 p. (Edições do Senado Federal, vol. 74).

O diplomata Renato Mendonça escreveu este livro em 1942 para a lendária Brasiliana e de certa forma cumpre final do subtítulo, e sua época. Não por intenção mas pela própria trajetória do biografado. Francisco Inácio de Carvalho Moreira nasceu em 1815 numa cidade que a maioria dos brasileiros teria dificuldade de localizar no mapa, a alagoana Penedo. Filho de senhor de Engenho. Vai estudar direito nas recém-criadas Faculdades de Direito de Olinda e depois a de São Paulo. Seus colegas são João Maurício Vanderlei, Holanda Cavalcanti, Nabuco de Araújo, Sininbú, Otaviano... Alguns mineiros, um ou outro paulista, quase todos nordestinos, quase todos dependentes de vendas de açúcar, todos devendo sua riqueza aos negros que trabalhavam de graça para criá-la.

Elite pequena, o livro repete os mesmos nomes, ascendendo na hierarquia do Império. Tempo de um Brasil sem descendentes de migrantes, sem sobrenomes italianos ou alemães. Esse é um aspecto esquecido que o livro sublinha. E também nos lembra que essa elite açucareira e escravista constituía as pernas do trono. Quando elas pegaram cupim, o Imperador pegou o paquete para o exílio.

Um dos primeiros advogados formados no país, um dos fundadores da OAB, Carvalho Moreira casa-se na elite com Carlota Emília de Aguiar e Andrada, a Carlotinha, sobrinha de José Bonifácio. Elege-se deputado junto com quase todos os seus amigos mas passa pouco tempo. Logo o governo o nomeia embaixador nos Estados Unidos. Só voltaria a morar no Brasil 48 anos depois.

Nessa carreira diplomática passou por só três postos, dos quais dois por pouco tempo. Ele foi na prática nosso embaixador em Londres (na época esse cargo se dizia Ministro). Ficou lá até quase o fim do Império.

O maior mérito do livro é não esconder as partes cinzas do biografado. Os rapazes ricos e açucareiros e escraveiros que dominavam o Império gostavam de mulher, pagavam prostitutas. Carvalho Moreira escreveu um certo poema As idades da Mulher que desafiam a nossa idéia de que o pessoal de antigamente era puritano. Trecho:

Aos quinze anos é gentil cofrinho/que só se abre forçando a fechadura.
Aos vinte é a mulher mato espinhoso/onde entra o caçador fuzil armado.
Aos trinta é bocado mui gostoso/bem tenro e ao espeto preparado.

Traía Carlotinha. Guloso de mulher, era conhecido como o Leão do Rio. Teve filho fora do casamento.

O principal aspecto cinza não era esse. A embaixada em Londres por muito tempo acumulou a função de tesouraria fora do país. Tinha a função de contratar empréstimos externos. Função propícia para corruptos: muito dinheiro, que seria pago por outros, numa terra longe, com pouco controle. E Carvalho Moreira se tornou um deles. Temos que até ser gratos a Renato Mendonça por não ter escondido esse aspecto pouco nobre, apesar de tentar defender seu biografado. A cada dívida que ele negociava para o Brasil, ficava um pouco mais rico. O próprio biografado declarou ter embolsado duzentas mil libras em comissões.

Gastava o dinheiro promovendo jantares em sua mansão a que comparecia ninguém menos que o herdeiro da coroa, o Príncipe de Gales, o futuro Eduardo VII e bisavô da atual rainha. Também a mulher deste, a dinamarquesa Princesa Alexandra, por quem um rapazola especializado em amores platônicos caiu apaixonado, Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo, o futuro lendário abolicionista Joaquim Nabuco. E tome príncipes e duques e aristocratas europeus comendo à custa de nosso diplomata. Na verdade, à nossa custa.

Ganhou do Imperador o título relativo à sua cidade natal, Penedo, hoje um belo lugar histórico. Já rico, enriqueceu mais com o cargo. Mas morreu pobre, diz Mendonça sem maiores provas.

Um retrato de época.

De leitor para leitor

Livro: UM DIPLOMATA NA CORTE DE INGLATERRA, de Renato Mendonça.
Assunto/Personagem Principal: Francisco Inácio de Carvalho Moreira, o Barão do Penedo

PARA QUEM ESTE LIVRO INTERESSA MAIS:
Interessados na história do Império.
Interessados na história da Diplomacia Brasileira
Interessados na história das Finanças Brasileiras.
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O QUE VOCÊ PODE ESPERAR DESTE LIVRO:
Curiosidades sobre a elite escravagista brasileira no sec. XIX.
Sobre a relação do Brasil com a Inglaterra.

QUANTIDADE DE HORAS DE ENTRETENIMENTO: 15 hs
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PODE SER LIDO na escrivaninha e na cama. Exige um pouco de atenção, sendo inadequado para ser em ônibus/metrô ou em filas em pé.

O QUE ESTE LIVRO MAIS TRAZ PARA VOCÊ:
Mudança da visão sobre os costumes sexuais do sec. XIX.
Mudança da visão sobre a corrupção no Brasil.
Mudança da visão sobre o Império.
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PÚBLICO PARA AS HISTÓRIAS QUE VOCÊ CONTARÁ:
público feminino (histórias de sexualidade e família): as paixões de Joaquim Nabuco; as histórias dos poemas picantes e das amantes de Penedo.
público masculino (poder, política e economia): histórias sobre a questão Christie, a questão religiosa e de corrupção.
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TRECHO

“A verdade é que a baronesa ia encontrar, graças a um esquecimento, as provas inegáveis da sua infelicidade conjugal. Encontrara em um gavetão do marido diversas fotografias de uma dama londrina, com as dedicatórias mais amorosas.

Esse acaso quase degenerou em tragédia. Houve uma ameaça de separação. As explicações do esposo convenceram mais ainda a pobre Baronesa de que se tratava de uma antiga amante. Se não fosse a mediação dos filhos, estaria desfeito o lar acolhedor.

Corria aliás em Londres que o ex-Ministro do Brasil tinha a sua garçonnière em nome de outro amigo, para salvar o decoro da representação. Depressa compreendera Penedo a extensão da hipocrisia inglesa que exigia a maior moralidade em público, deixando passar todos os excessos a portas trancadas.

E o Príncipe de Gales, o futuro Eduardo VII, era dos apreciavam a companhia de Penedo, fino, sarcástico, enamorado do belo sexo. Às vezes, o príncipe e o diplomata chagavam a combinar juntos excursões a Paris.”

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O Papa Negro, de João Machado Evangelho


EVANGELHO, João Machado. O Papa Negro. Rio de Janeiro: Fissus, 2003. 272p.
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ROMANCE DE IDÉIAS
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Depois de 26 anos de populismo externo e controle-de-ferro interno morreu o Papa João Paulo III. Os Cardeais escolheram um azarão para seu sucessor, o cardeal Francis Zamba da Nigéria. Que escolheu o nome de Pedro Paulo I.

O livro começa com a chegada de um idoso Cardeal ao Brasil. Dom João Sena vem reconciliar-se com seu passado. Não muito bonito: falou a favor do regime militar, perseguiu, reprimiu, censurou. Especialmente veio pedir perdão a quatro sacerdotes, aos quais perseguiu. Um está morto, o outro doente. A viúva do primeiro não perdoa. Um outro perdoa o cardeal.

A razão dessa reconciliação é que Dom João Sena prevê que o Papa Pedro Paulo I quer uma guinada na vida da Igreja católica, aproximando-a do mundo, tirando a limpo seu passado. Mas ou menos como o cardeal, em nível micro.

Romance-de-idéias, é o que é. Menos que os personagens, a trama e o cenário, importam as idéias. No caso, o jogo entre as idéias de reforma expressas pelo papa e contestadas pelos seus inimigos, capitaneados pelo cardeal Mário Luna, temido. No centro o cardeal brasileiro, de passado retrógrado e presente progressista. Os inimigos do Papa se articulam num movimento chamado Armagedon Final, que o ameaça de morte.

Tem tramas paralelas interessantes, como o romance entre os jornalistas brasileiros Ana Elisa e Júlio, que arrancaram um trabalho como enviados especiais a Roma e vivem juntos, ela atormentada por não ser casada legalmente. Um dos momentos mais ternos do livro está reproduzido abaixo, quando Ana Elisa se declara casada a Júlio, à sombra do Papa. Também interessa o reencontro de Dom João Sena com sua antiga namorada Norma. Outro ponto importante é o caso de amor entre o jovem padre brasileiro Guido e o burocrata Monsenhor Rinaldi, mostrando que a homossexualidade existe sim no Vaticano.

Essas tramas paralelas não são muito desenvolvidas. Importam mais os discursos de liberdade e abertura ao novo de Pedro Paulo I. Nem sequer é necessário decorar bem os nomes da maioria dos personagens. São pouco importantes em relação ao que dizem.

É um livro mais destinado a levantar perguntas sobre os dilemas da Igreja católica de hoje, sua oscilação entre a abertura e o fechamento, que a encantar o leitor pela trama. Também possibilita uma leitura de romance-à-chave: João Paulo III é João Paulo II; O cardeal Zamba seria o cardeal Arinze, também nigeriano e personagem importante da burocracia vaticana; o temível cardeal Luna seria o cardeal Ratzinger, ambos prefeitos da Congregação para a Doutrina da Fé (este livro foi publicado ainda no pontificado de João Paulo II). Os quatro padres perseguidos são alusão aos teólogos da Libertação.

Enfim, um livro que se presta aos que gostam de ler idéias sobre o assunto dilemas da Igreja católica de hoje.

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De leitor para leitor
Livro: O PAPA NEGRO, de João Machado Evangelho.
Assunto/Personagem Principal: O Vaticano no tempo de João Paulo II

PARA QUEM ESTE LIVRO INTERESSA MAIS:
Aos curiosos sobre os dilemas da Igreja católica hoje.

Obs: A visão do autor é liberal. Pode interessar aos simpatizantes da Teologia da Libertação.
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O QUE VOCÊ PODE ESPERAR DESTE LIVRO:
Declarações sobre a necessidade da Igreja se reformular
A linguagem é bem tradicional
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QUANTIDADE DE HORAS DE ENTRETENIMENTO: 6 hs
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PODE SER LIDO na cama, no metrô/ônibus ou filas, pois não exige atenção muito aguçada.
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O QUE ESTE LIVRO MAIS TRAZ PARA VOCÊ:
Uma visão um tanto crítica do papado de João Paulo II
Um reforço aos que acham que a Igreja deve se transformar
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PÚBLICO PARA AS HISTÓRIAS QUE VOCÊ CONTARÁ:
público feminino (histórias de sexualidade e família): nenhuma. Ou só a história que é parcialmente transcrita abaixo.
público masculino (poder, política e economia): Nenhuma. Só mencionar a existência de resistências fortes à mudança dentro da Igreja..

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TRECHO:
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“Diante de um Julio boquiaberto Ana Elisa repetia a fór­mula do matrimônio tornando a Praça de São Pedro a maior catedral do mundo.
-Julio, eu te recebo como meu marido ...
Julio, desajeitado, não sabia repetir a fórmula. Ana Elisa o ajudou enquanto punha a aliança na mão esquerda dela.
- Você é louca! Nem a pedi em casamento!
- Julio, há meses que você não faz outra coisa!
- Estamos casados?
- Abençoados pelo Papa à sombra da basílica de São Pedro e bem debaixo da mais be1a manha romana.
- Você é louca!
Ana Elisa sabia o quanto seu matrimonio soava disso­nante com a comunhão sacramental da Igreja. Para ela, no entanto, essa era a sua Igreja que amaria para sempre. O Papa a perdoasse por roubar-lhe um pouquinho de sua benção. Queria apenas ser feliz com um pouquinho do coração de sua Igreja.”

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O NOBRE SEQÜESTRADOR, de Antônio Torres


TORRES, Antônio. O Nobre Seqüestrador. Rio de Janeiro: Record, 2003. 250pp.
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UM PIRATA VISTO POR SUAS VÍTIMAS
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Não tínhamos nada que gostar de René Duguay-Trouin. Que ele fez por nós, ou que ele fez da vida? Matou e roubou. Só. Claro, queriam matá-lo também mas isso faz parte da escolha da profissão de bandido. Mas era rico, tinha patente e financiamento. Portanto não era bandido, é o que ficou na história.
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E no entanto simpatizamos com ele. Por um profundo senso de inexistência própria, talvez. Narcisos sem espelho que só conseguem se reconhecer no olhar do outro, do que vem de fora. Mesmo que seja para roubar. Quase nos sentimos honrados daquele francês ter aparecido em 1711 para encher os bolsos.
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Antônio Torres conta essa história num livro fragmentado, onde o narrador começa por ser o próprio protagonista, torna-se o próprio autor, vai para a terceira pessoa e se transforma na própria cidade do Rio. O protagonista parece aqueles heróis de filme antigo. René Duguay-Trouin nasceu em Saint-Malo, ponta-de-lança dos corsários franceses mas nasceu destinado a ser padre ou professor. Chegado a espadas e garotas, não se tornou nem coisa nem outra.
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A família o manda ao mar, aproveitando uma das guerrinhas de Luís XIV. Ir ao Mar, leia-se, roubar ouro e parta que navios de outros países roubavam de outros continentes. E René Duguay-Trouin cumpriu bem sua função: matou vários que não conseguiram matá-lo. (Bem que tentaram). Roubou vários que não conseguiram impedi-lo. Escapou em lance-de-cinema da prisão dos ingleses, com ajuda de uma mulher apaixonada. E num lance de acuidade teve uma idéia: atacar o inimigo no baixo ventre. Onde ele não esperava. Nada de invadir Londres ou bloqueios em Hamburgo. Os outros já esperavam demais por isso. Atacá-los lá embaixo. No Rio. No Brasil.

Idéia certa na hora exata, teve o apoio rápido-como-raio de Luís XIV. A França estava mal obrigado, em guerra contra metade da Europa, os cofres do rei acumulando teias de aranha e os soldados e marinheiros sem ver dinheiro. E vem um sujeito querendo arriscar o próprio pescoço para saquear uma cidade lá longe. Ótimo. E no dia 12 de setembro de 1711 uma fila de dezoito navios de guerra encobertos pela neblina entra em fila pela barra da baía da Guanabara, surpreendendo os fortes. É o começo da guerra, a nossa guerra.

Pesquisa boa, informações curiosas de pouco acesso. Antônio Torres não se deu ao trabalho de criar personagens ficcionais. Que não fazem falta suplantados pela força das pessoas reais, a começar de René Trouin, que acrescentou por conta própria o Duguay par assim parecer mais nobre. Antônio Torres procura estabelecer paralelo entre a violência do pirata e os assaltos da cidade, que quando ele escrevia o livro sofria uma onda de seqüestros. É o ponto mais fraco do livro. De resto, bom entretenimento.




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De leitor para leitor (notas de 0 a 5)
Livro: O NOBRE SEQÜESTRADOR, de Antônio Torres.
Assunto/Personagem Principal: René Duguay-Trouin

PARA QUEM ESTE LIVRO INTERESSA MAIS:
Curiosos sobre a história da cidade do Rio de Janeiro.
A quem gosta de histórias aventurosas, do tipo Filme de Piratas..
Obs: O Bicentenário em 1808 trouxe novo interesse sobre a história colonial. Pessoas que gostaram desses comemorações podem gostar deste livro..
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O QUE VOCÊ PODE ESPERAR DESTE LIVRO:
Curiosidades sobre a articulação entre a Europa e o Brasil; sobre a vida de Luís XVI; sobre a as guerras européias nos séculos XVI e XVII.
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QUANTIDADE DE HORAS DE ENTRETENIMENTO: 7 hs
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PODE SER LIDO na cama, no metrô/ônibus ou filas, pois não exige atenção muito aguçada. Eu o li na cama, na escrivaninha e numa mesa de um restaurante self-service.
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O QUE ESTE LIVRO MAIS TRAZ PARA VOCÊ:
mudança da visão do que foi a colonização européia.
Uma visão m ais realista do que está por trás das histórias de piratas..
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PÚBLICO PARA AS HISTÓRIAS QUE VOCÊ CONTARÁ:
público feminino (histórias de sexualidade e família): duas - a história da fuga dele de uma prisão inglesa, envolvendo uma História de amor; a história dele como arruaceiro que foi ao mar como castigo.
público masculino (poder, política e economia): a história detalhada da invasão do Rio de Janeiro, incluindo referências geográficas na cidade.
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TRECHO:
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“Quando tentava deter alguns com golpes de espada e de pistola, ouvi gritarem que estava pegando fogo no paiol dos armamentos. Desci e ordenei que trouxessem barris de granadas, que, como um selvagem, joguei lá no fundo da estiva sobre os homens para desalojá-los. Eles subiram um a um, ensangüentados, cheios de estilhaços e, com tapas e xingamentos, mandei-os de volta a seus lugares nos postos de combate.

Corri para a primeira bateria, dei uns tiros de canhão e saltei para o castelo de proa quando, com estupefação, vi o nosso pavilhão, a bandeira branca, jogada sobre as tábuas. Teria alguma bala cortado o seu mastro? Ou algum dos meus amedrontados homens havia feito aquilo? Dei ordens para reiçá-la. Meus oficiais suplicaram para que não fizesse isso. Seria uma violação das convenções de guerra reiniciar um combate depois de ter o pavilhão arriado. Impasse criado, ameacei condenar toda a tripulação à degola. Desesperado, hesitei. E fui abatido pelo ricochete de uma bala. Arriei. Como o nosso pavilhão.

Acordei num dos navios ingleses, o Monk. Mais precisamente: na cabine do seu comandante, Thomas Warren, que havia enviado uma canoa para buscar os oficiais franceses que ia fazer prisioneiros. Ao içar a bordo o comandante inimigo, viu com estupefação, muito emocionado, que aquele que estava ali na sua frente, desacordado, sem expressão, e que tanto combate dera a uma esquadra de seis navios, não passava de um jovem de vinte anos. Então Sir Thomas Warren ordenou:

- Quero que ele seja tratado como se fosse meu filho.”

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A Serviço d´el Rey, de Autran Dourado


DOURADO, Autran. A Serviço d´el Rey. Rio: Record, 1984. 164pp.
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UM RETRATO SOTURNO DE JUSCELINO
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O autor insistiu e insiste, dentro e fora do livro: seu romance não é um romance-à-chave, a ser lido descobrindo-se qual pessoa real se encontra por trás dos nomes fictícios dos personagens. Mas a tentação é grande, talvez proposital por parte de Autran. Juscelino nomeou o então jovem autor para seu secretário de imprensa. Anos depois o já veterano escritor fez esta fábula sobre um escritor que se torna auxiliar direto de um presidente da República.
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João da Fonseca Nogueira pretende ser o maior escritor de sua geração. Mas essa ambição é nada diante da ambição de Saturniano de Brito. Serve-o desde prefeito. O livro começa com o senador Saturniano passando uma rasteira num seu antigo protetor político para assegurar a indicação à Presidência. Já a passara em muitos. Conseguiu ser Presidente, afinal. Levou seu assessor/escritor consigo. O livro conta as futricas e tricas de um grupo no poder.
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O livro interessa pelo quem-é-quem. A palavra ambição é pouco para descrever Saturniano. Tinha uma “quase erótica felicidade no exercício do poder” (p137). O erotismo não é metáfora. Distribuía cargos e arranjava amantes, freqüentemente fazia o primeiro para conseguir o segundo. Assim conseguiu o corpo da belíssima Juanita Flores, mulher do deputado Fontes Flores, alusão a Maria Lúcia Pedroso, a morena amante de Juscelino e esposa do deputado José Pedroso.
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Em torno de Saturniano voejava gente como seu assessor Quintiliano Dantas, poeta muito pouco dado ao estereótipo de poetapobre. Tinha dinheiro e queria mais, vendendo minério bruto aos gringos e de maneira geral servindo de ponte aos negócios deles no Brasil. É um retrato de Augusto Frederico Schmidt, poeta e dono da rede de supermercados Disco. O general Aurélio Miranda garantira a posse de Saturniano. Aurélio é o marechal Lott. Elvira era a rígida mãe de Saturniano, como Dona Júlia era a de Juscelino. Seu pai morrera quando este tinha quatro anos, como o pai de JK quando este tinha três. O Deputado Antunes de Souza é o irascível Carlos Lacerda. A capital se chama Nova Brasília.
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Mistura ficção e fatos históricos. Juscelino teve um infarto que ficou oculto. Saturniano teve um surto de psicose maníaco-depressiva. E seu assessor tenta esconder de todos, pois sabe que Antunes de Souza e os militares não o deixarão 48 horas no poder depois de o descobrirem. O novo Ministro da Marinha liga com a naturalidade de quem viu fantasma dizendo que tem de cancelar as manobras da esquadra porque o Presidente mandou um navio de cento e tantos metros subir o rio Piabanha, aquele riachinho canalizado em frente ao Museu Imperial em Petrópolis. O assessor em meio segundo percebe tudo, o homem está surtando de novo. Afirma enfático ao Ministro que aquilo com certeza foi um erro, e vai atrás do Presidente. Encontra o homem delirando, falando de volta da Monarquia. Dá-lhe umas pílulas para o surto e enquanto espera fazerem efeito o presidente delira e lhe aponta um revólver.

Já li que JK era maníaco-depressivo e na fase maníaca se aprontava, banho e roupa, em seis minutos. Ele teve surto? Seus surtos eram fortes assim? Juanita Flores tenta se suicidar. Sua sucedânea real tentou?

O livro traça um retrato soturno de Saturniano, um homem cujo sorriso é mais ambição que otimismo, e cujo idealismo consiste em gozar o prazer de mandar. Saturniano é Juscelino? Com certeza, mas até que ponto? É a chave do livro.
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De leitor para leitor (notas de 0 a 5)
Livro: A SERVIÇO D´EL REY, de Autran Dourado
Assunto/Personagem Principal: Juscelino Kubitschek

PARA QUEM ESTE LIVRO INTERESSA MAIS:
Curiosos sobre JK, particularmente a quem quer criticá-lo. Mostra vários podres dele e de seu governo.
Quem procura linguagem literária inovadora: tem monólogos interiores bem-feitos, onde cita de Proust a Camões.
Obs: Para saber em parte qual a correspondência entre personagens reias e fictícios, o leitor deve conhecer outros livros sobre o governo JK ou pelo menos ter assistido á minissérie JK.
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O QUE VOCÊ PODE ESPERAR DESTE LIVRO:
Histórias para contar: o forte são as fofocas internas sobre o governo JK, e sobre a personalidade deste.
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QUANTIDADE DE HORAS DE ENTRETENIMENTO: 5 hs
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PODE SER LIDO na cama, no metrô/ônibus ou filas, pois não exige atenção muito aguçada.
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O QUE ESTE LIVRO MAIS TRAZ PARA VOCÊ:
mudança da visão de algumas coisas
histórias para contar: Histórias sobre JK e uma nova visão de seu governo e das pessoas que o compuseram.
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PÚBLICO PARA AS HISTÓRIAS QUE VOCÊ CONTARÁ:
público feminino (histórias de sexualidade e família): história das amantes de JK
público masculino (poder, política e economia): histórias dos jogos de Juscelino para se manter no poder e as boas histórias sobre como escondiam os problemas de saúde dele.
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TRECHO:
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“O Presidente Saturniano só veio a tomar conhecimento da alarmante situação quando foi acordado certa madrugada pelo Ministro da Guerra, General Aurélio Miranda. Militar de figurino prussiano, disciplinado e disciplinador, autoritário, para ele qualquer arranhão na ordem pública era uma ameaça às Forças Armadas e à Segurança Nacional. Foi ele que possibilitara a posse de Saturniano de Brito e garantia a sua permanência no governo. Com certo ressentimento, o presidente o chamava de O Condestável da Prússia.”